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24.6.15

CERES - LUZES - PIRÂMIDES - UFOS ?

Após as luzes brancas, descoberta de "pirâmide" em Ceres leva alguns a falar em "aliens"

por DN.
 Ontem

Após as luzes brancas, descoberta de "pirâmide" em Ceres leva alguns a falar em "aliens"
Fotografia ©
 NASA/JPL-
Caltech/UCLA/MPS/DLR/IDA

A NASA descreve a estrutura como "uma montanha de forma piramidal", mas alguns já se apressam a dizer que o monte, que se estima ter cinco quilómetros de altura, é uma pirâmide.
Uma fotografia de Ceres tirada pela NASA, em que é possível ver uma estrutura na superfície do planeta anão que se assemelha a uma pirâmide, está a chamar a atenção dos média, assim como de alguns grupos que se apressam a dizer que se trata de mais um indício de inteligência extraterrestre.
A fotografia da estrutura piramidal surge no meio do debate levantado pelas misteriosas luzes identificadas em Ceres.

 "Quanto mais nos aproximamos de Ceres, mais intrigante o longínquo planeta anão se torna", explica a NASA num comunicado lançado no site da missão.

As novas imagens enviadas pela nave espacial Dawn, que se aproxima cada vez mais do pequeno planeta anão que fica entre Marte e Júpiter, mostram "uma intrigante montanha em forma de pirâmide numa zona relativamente plana", conforme se lê na legenda da fotografia divulgada pela NASA.

Estima-se que a montanha tenha cerca de cinco quilómetros de altura.

Alguns blogues e fórums especializados, porém, já começaram a falar na possibilidade de vida inteligente em Ceres, algo que foi ridicularizado por alguns.

 No blogue UFO Digest, por exemplo, uma colunista afirma que é "incrível" que uma pirâmide tenha sido descoberta em Ceres, "especialmente quando temos as nossas próprias pirâmides misteriosas aqui na Terra".

Um jornalista da CNN aproveitou para troçar dos apologistas da teoria da inteligência extraterrestre. "'Intrigante', dizem os cientistas da NASA. 'ALIENS!', grita a malta dos extraterrestres", lê-se na notícia da televisão norte-americana.

 Numa página do Reddit dedicada a objectos voadores não-identificados, um utilizador ridicularizava a descrição da imagem como uma pirâmide em Ceres. "Não é uma pirâmide, tem um ar natural e incrivelmente estúpido".

22.6.15

B. C. E. E O MOVIMENTO DO CAPITAL

*- O BCE é o banco central dos Estados da UE que pertencem à zona euro, como é o caso de Portugal.*

* E DONDE VEIO O DINHEIRO DO BCE?*

*- O dinheiro do BCE, ou seja o capital social, é dinheiro de nós todos, cidadãos da UE, na proporção da riqueza de cada país. Assim, à Alemanha correspondeu 20% do total. Os 17 países da UE que aderiram ao euro entraram no conjunto com 70% do capital social e os restantes 10 dos 27 Estados da UE contribuíram com 30%.*

* E É MUITO, ESSE DINHEIRO?*

*- O capital social era 5,8 mil milhões de euros, mas no fim do ano passado foi decidido fazer o 1º aumento de capital desde que há cerca de 12 anos o BCE foi criado, em três fases. No fim de 2010, no fim de 2011 e no fim de 2012 até elevar a 10,6 mil milhões o capital do banco.*

* ENTÃO, SE O BCE É O BANCO DESTES ESTADOS PODE EMPRESTAR DINHEIRO A PORTUGAL, OU NÃO? COMO QUALQUER BANCO PODE EMPRESTAR DINHEIRO A UM OU OUTRO DOS SEUS ACCIONISTAS ?*

*- Não, não pode.*

* PORQUÊ?!*

*- Porquê? Porque... porque, bem... são as regras.*

* ENTÃO, A QUEM PODE O BCE EMPRESTAR DINHEIRO?*

*- A outros bancos, a bancos alemães, bancos franceses ou portugueses.*

* AH PERCEBO, ENTÂO PORTUGAL, OU A ALEMANHA, QUANDO PRECISA DE DINHEIRO EMPRESTADO NÃO VAI AO BCE, VAI AOS OUTROS BANCOS QUE POR SUA VEZ VÃO AO
BCE.*

*- Pois.*

* MAS PARA QUÊ COMPLICAR? NÂO ERA MELHOR PORTUGAL OU A GRÉCIA OU A ALEMANHA IREM DIRECTAMENTE AO BCE?*

*- Bom... sim... quer dizer... em certo sentido... mas assim os banqueiros não ganhavam nada nesse negócio!*

* AGORA NÃO PERCEBI!!..*

*- Sim, os bancos precisam de ganhar alguma coisinha. O BCE de Maio a Dezembro de 2010 emprestou cerca de 72 mil milhões de euros a países do euro, a chamada dívida soberana, através de um conjunto de bancos, a 1%, e esse conjunto de bancos emprestaram ao Estado português e a outros Estados a 6 ou 7%.*

* MAS ISSO ASSIM É UM "NEGÓCIO DA CHINA"! SÓ PARA IREM A BRUXELAS BUSCAR O
DINHEIRO!*

*- Não têm sequer de se deslocar a Bruxelas. A sede do BCE é na Alemanha, em Frankfurt. Neste exemplo, ganharam com o empréstimo a Portugal uns 3 ou 4 mil milhões de euros.*

* ISSO É UM VERDADEIRO ROUBO... COM ESSE DINHEIRO ESCUSAVA-SE ATÉ DE CORTAR NAS PENSÕES, NO SUBSÍDIO DE DESEMPREGO OU DE NOS TIRAREM PARTE DO 13º MÊS.*

*As pessoas têm de perceber que os bancos têm de ganhar bem, senão como é que podiam pagar os dividendos aos accionistas e aqueles ordenados aos administradores que são gente muito especializada.*

* MAS QUEM É QUE MANDA NO BCE E PERMITE UM ESCÂNDALO DESTES?*

*- Mandam os governos dos países da zona euro. A Alemanha em primeiro lugar que é o país mais rico, a França, Portugal e os outros países.*

* ENTÃO, OS GOVERNOS DÃO O NOSSO DINHEIRO AO BCE PARA ELES EMPRESTAREM AOS BANCOS A 1%, PARA DEPOIS ESTES EMPRESTAREM A 5 E A 7% AOS GOVERNOS QUE SÃO DONOS DO BCE?*

*- Bom, não é bem assim. Como a Alemanha é rica e pode pagar bem as dívidas, os bancos levam só uns 3%. A nós ou à Grécia ou à Irlanda que estamos de corda na garganta e a quem é mais arriscado emprestar, é que levam juros a 6, a 7% ou mais.*

* ENTÃO NÓS SOMOS OS DONOS DO DINHEIRO E NÃO PODEMOS PEDIR AO NOSSO PRÓPRIO BANCO!...*

*- Nós, qual nós?! O país, Portugal ou a Alemanha, não é só composto por gente vulgar como nós. Não se queira comparar um borra-botas qualquer que ganha 400 ou 600 euros por mês ou um calaceiro que anda para aí desempregado, com um grande accionista que recebe 5 ou 10 milhões de dividendos por ano, ou com um administrador duma grande empresa ou de um banco que ganha, com os prémios a que tem direito, uns 50, 100, ou 200 mil euros por mês. Não se pode comparar.*

* MAS, E OS NOSSOS GOVERNOS ACEITAM UMA COISA DESSAS?*

*- Os nossos Governos... Por um lado, são, na maior parte, amigos dos banqueiros ou estão à espera dos seus favores, de um empregozito razoável quando lhes faltarem os votos.*

* MAS ENTÃO ELES NÃO ESTÃO LÁ ELEITOS POR NÓS?*

*- Em certo sentido, sim, é claro, mas depois... quem tem a massa é quem manda. É o que se vê nesta actual crise mundial, a maior de há um século para cá. Essa coisa a que chamam sistema financeiro transformou o mundo da finança num casino mundial, como os casinos nunca tinham visto nem suspeitavam, e levou os EUA e a Europa à beira da ruína. É claro, essas pessoas importantes levaram o dinheiro para casa e deixaram a gente como nós, que tinha metido o dinheiro nos bancos e nos fundos, a ver navios. Os governos então, nos EUA e na Europa, para evitar a ruína dos bancos, tiveram de repor o dinheiro.*

* E ONDE O FORAM BUSCAR?*

*- Onde havia de ser!? Aos impostos, aos ordenados, às pensões. De onde havia de vir o dinheiro do Estado?...*

* MAS METERAM OS RESPONSÁVEIS NA CADEIA?*

*- Na cadeia? Que disparate! Então, se eles é que fizeram a coisa, engenharias financeiras sofisticadíssimas, só eles é que sabem aplicar o remédio, só eles é que podem arrumar a casa. É claro que alguns mais comprometidos, como Raymond McDaniel, que era o presidente da Moody's, uma dessas agências de rating que classificaram a credibilidade de Portugal para pagar a dívida como lixo e atiraram com o país ao tapete, foram... passados à reforma. Como McDaniel é uma pessoa importante, levou uma indemnização de 10 milhões de dólares a que tinha direito.*

* E ENTÃO COMO É? COMEMOS E CALAMOS?*

 * - Isso já não é comigo, eu só estou a explicar...*

17.6.15

CASCAIS. PLANO DE EXECUÇÃO e PLANO DE FINANCIAMENTO MEIO AMBIENTE

Transcrevo um pequeno  excerto de um longo artigo do jornal " Público " de 9 de Junho, em que nos alerta, a todos, para o futuro da Quinta do Pisão.

Quinta do Pisão       ( Foto de J.P.L. ) )


"   Analisando o documento  intitulado " Plano de Execução e Plano de Financiamento Meio Ambiente ", constata-se a existência de uma importante lista de projetos que, denominados de interesse ambiental, mais não são  que propostas de edificação em zonas que deveriam estar isentas de construção, nomeadamente na Quinta do Pisão.

 Pergunta-se para quê tantos Centros de Acolhimento quando se sabe, pelo que está à vista ( Duna da Crismina e Pedra do Sal ), que estes locais, ao serem geridos como têm sido, mais não são que cafetarias de luxo que muito benefício trazem  a quem as puder explorar.

Dentro deste plano destacamos, pela sua gravidade e simbolismo, o lastimável " Plano de Arborização Municipal -  Reorganização de Alinhamentos Arbóreos do Centro Histórico de Carcavelos e Cascais ", programa este que prevê a intervenção em 800 exemplares arbóreos ou seja, proceder ao seu abate, visto não se enquadrarem nos novos alinhamentos previstos.

 Depois de uma análise aturada aos locais e aos exemplares em causa, verifica-se que só um número muito restrito de espécies apresenta problemas fitossanitários ou risco de queda, verificando-se, pelo contrário, que a maioria demonstra uma notável vitalidade, resultando sobretudo de investimentos efetuados ao longo de dezenas de anos por parte dos serviços camarários.

 Refira-se que esta proposta de intervenção está prevista para algumas das áreas urbanas mais relevantes do ponto de vista paisagístico, ambiental e patrimonial do concelho, como são os arruamentos em redor do Museu Paula Rego, ou as artérias localizadas a norte da estação de Carcavelos da C.P.

Neste último local chegou já a abater-se diversas árvores saudáveis de forma indiscriminada e sem qualquer aviso prévio. Pergunta-se se é este o tipo de estratégia que a atual proposta de revisão do PDM de Cascais pretende implementar no que resta de estrutura verde do concelho.

Conclui-se assim que esta proposta de PDM promove um tipo de política de gestão territorial que julgávamos estar já posta de lado, não só pelos maus resultados que tem obtido, mas também por ser o modelo que mais contestação tem gerado.

 Esperemos que a decisão que se avizinha para breve sobre o novo PDM de Cascais seja seriamente ponderada e não coloque em causa o futuro e a sustentabilidade deste nosso concelho. " ( Fim de citação )

Primavera de 2015         ( Foto de J.P.L. )

Primavera na quinta do Pisão ( Foto de J.P.L. )

Uma imagem espectacular.               ( Foto de J.P.L.)

.

Vamos ter esperança que, no que diz respeito à Quinta do Pisão, seja uma mais valia o que ali se pretende fazer. Sinceramente acredito que sim, conhecendo a forma de estar do actual presidente da Câmara.O Sr: Carlos Carreiras é uma pessoa preocupada com o bem comum, isso eu sei.



11.6.15

FREI ANTÓNIO DAS CHAGAS

EU, JUNTO DA RIBEIRA DAS VINHAS NO ANO DE 2015 USANDO O MEU TEMPO. ( Foto de J.P.L. )



Conta e Tempo 
 Deus pede estrita conta de meu tempo.
E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta. 
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta 
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo? 

 Para dar minha conta feita a tempo, 
O tempo me foi dado, e não fiz conta, 
Não quis, sobrando tempo, fazer conta, 
Hoje, quero acertar conta, e não há tempo. 

 Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta, 
Não gasteis vosso tempo em passatempo. 
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta! 

 Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo, 
Quando o tempo chegar, de prestar conta 
Chorarão, como eu, o não ter tempo… 
( Frei António das Chagas)

Frei António das ChagasFrei António das Chagas (1631-1682), cujo nome secular era António da Fonseca Soares, era frade da Ordem de São Francisco.

 Filho de um juiz, participou na guerra da Restauração, escapando de ser condenado devido a um crime que cometera.

 É nesse período que se dedica à poesia, ganhando o cognome de Capitão das Boninas.

 

Frei António das Chagas


Frei António das Chagas, de seu nome António da Fonseca Soares, também conhecido por Padre António da Fonseca, (Vidigueira, 25 de Junho de 1631Varatojo - Torres Vedras, 20 de Outubro de 1682) foi um frade franciscano e poeta português, destacando-se na história portuguesa mais pela sua faceta literária que propriamente eclesiástica.

A vida

O homem do mundo

Frei António das Chagas, de seu nome António da Fonseca Soares, também conhecido por Padre António da Fonseca, nasceu na Vidigueira (Portugal) a 25 de Junho de 1631, filho de pai português, fidalgo e juiz de profissão, e mãe irlandesa.


Passou a sua infância e juventude no Alentejo e estudou no Colégio dos Jesuítas em Évora, não tendo concluído os estudos devido à morte do pai, tinha então António 18 anos, forçando-o a regressar à Vidigueira. É então que se alista no exército, em plena Guerra da Restauração, iniciando uma carreira militar promissora.


António da Fonseca Soares participa na Guerra da Restauração, mas a sua fama vem-lhe da veia poética, ficando conhecido pela associação das armas e das letras como o “Capitão das Boninas”.
Despertos os sentidos para as questões amorosas e para a poesia, envolveu-se nas mais diversas aventuras, cometendo todo o tipo de excessos, fruto do seu temperamento impetuoso.


Em 1653, com 22 anos de idade, um desses episódios obrigou-o a fugir para o Brasil, perseguido pela justiça por ter causado a morte de um rival, em duelo

. Passou três anos na Baía, sem alterar o seu modo de vida irreverente. Um texto de Frei Luís de Granada sensibilizou-o para a fé e para Deus.


De regresso a Portugal, em 1656, voltou a participar activamente na Guerra da Aclamação ou da Restauração, foi promovido a capitão em Setúbal, como reconhecimento pelo seu valor. Tendo escrito "Moura Restaurado", referindo-se à tomada da vila da Mourão, dedicando-o ao seu comandante Joanne Mendes de Vasconcellos.[1]

 
Em Maio de 1662, com 31 anos de idade, renunciou à vida militar e abraçou os votos monásticos na Ordem de São Francisco em Évora.

O homem de Deus

 

Desde então, António da Fonseca Soares passou a ser Frei António das Chagas.


Dedicou o resto da sua vida ao evangelho e a pregar a fé, com o ardor e a paixão que o caracterizavam. Tornou-se pregador vigoroso e algo exagerado.


 Correu as terras do Alentejo e Algarve em andanças missionárias. Estendeu as suas viagens de pregação ao centro e norte do país, incluindo a Corte.


A personalidade de Frei António das Chagas exerceu sobre os seus contemporâneos um fascínio perturbador, resultante, sem dúvida, do seu estatuto de homem mundano convertido à causa de Deus.

 O empenho combativo e radical de Frei António das Chagas contrastava grandemente com a ligeireza e o relaxamento de costumes que, com alardeamento público, vivera na juventude.

A sua atitude penitente sob o hábito de S. Francisco bastava para atrair multidões aos lugares por onde passasse. A busca de efeitos teatrais, a ênfase e a demagogia do discurso de Frei António das Chagas foram alvo de inúmeras críticas, inclusive, do Padre António Vieira e de D. Francisco Manuel de Melo, seus contemporâneos.


Em 1680, Frei António das Chagas desvincula-se da Província Franciscana dos Algarves, no cumprimento das determinações do Breve Apostólico de Inocêncio XI, de 23 de Novembro de 1679. Passa a viver no Varatojo, convento que doravante e até 1833 passou a Seminário Apostólico das Missões (da Ordem dos Franciscanos), com estudos e disciplina apropriados, cuja iniciativa se deve a Frei António das Chagas, o antigo capitão António da Fonseca Soares.


Na sequência do prestígio apostólico do Varatojo, fundou em 1682 o Convento de Nossa Senhora dos Anjos de Brancanes, em Setúbal, para nele se formarem também missionários.
Faleceu a 20 de Outubro de 1682, no Varatojo. Os seus restos mortais repousam em campa rasa no centro da Sala do Capítulo do Convento.


O poeta e o pregador

 

António da Fonseca Soares ou Padre António da Fonseca ou Frei António das Chagas foi um homem ousado e de génio arrebatado que deixou lendárias muitas das suas proezas. A vida como a obra de Frei António das Chagas ilustram bem a mentalidade barroca da época, ambas cheias de contrastes e peripécias.


Poeta e prosador, deixou em quase todos os cancioneiros manuscritos da época, nomeadamente nos dois mais importantes, a Fénix Renascida e o Postilhão de Apolo, obras suas.


Escreveu nos mais diversos géneros poéticos: sonetos, madrigais, romances, décimas, glosas e dois poemas heróicos — Mourão Restaurado e Canto Panegírico à Vitória de Elvas.

 A perfeição das formas e a temática dos seus poemas centra-se sobretudo na efemeridade da vida, nos desenganos a que estamos sujeitos, mas também em assuntos de circunstância, o que denotam o gosto pela imitação de Gôngora. (Veja-se "Alguns Poemas" em "Referências e Fontes").


Bastante apreciado como poeta, atingiu também grande fama como pregador, devido ao modo pouco convencional de pregar. Na pregação, havia quem lhe estranhasse a forma como organizava as procissões de penitência e como se esbofeteava no púlpito, chegando a atirar com o crucifixo para cima do auditório, desde que isso fizesse passar a sua mensagem de uma forma mais clara.


Os seus sermões, sem as agudezas do cultismo e conceptismo, estão reunidos nos Sermões Genuínos, embora as Cartas Espirituais, sejam consideradas a sua obra-prima. Composta por 268 cartas escritas num estilo pitoresco, a obra dá a conhecer melhor o homem que em Lisboa era tratado pelo singelo nome de «o fradinho», e coloca-o entre os grandes cultores da prosa barroca.


  • Bibliografia da fase de religioso: Faíscas de Amor Divino, 1683; Espelho do Espírito, 1683; Obras Espirituais, 1684; Cartas Espirituais, 1.a parte 1684, 2.a parte 1687; Escola de Penitência, 1687; Sermões Genuínos, 1690; Semana Santa Espiritual, Ramalhete Espiritual
  • 1722.

Referências

 


  1. CHAGAS, António das, O.F.M. 1631-1682,
  2.  
  3.  
  4.  Mouram restaurado em 29. de Outubro de 1657 : offerecido ao senhor Joanne Mendes de Vasconcellos, Tenente General da Provincia do Alemtejo / por Antonio da Fonseca Soares. - Lisboa : na officina de Henrique Valente de Oliveira, impressor delRey nosso Senhor, 1658.

Fontes

 

  • A Vidigueira terra natal [1] visto em 18/04/2009
  •  
  • Sobre o Varatojo [2] e a data da morte e a sepultura [3] vistos em 18/04/2009
  •  
  • A mulher nos romances do Padre António da Fonseca [4][ligação inativa] visto em 18/04/2009
  •  
  • Controvérsia: Fonseca, Chagas ou Ribeiro da Costa? [5] visto em 18/04/2009
  • Alguns Poemas [6] visto em 18/04/2009
  •  
  • Fénix Renascida & Postilhão de Apolo [7] visto em 18/04/2009
  • Bibliografia na Biblioteca Nacional de Portugal [8] visto em 18/04/2009
  •  
  • Biobibliografia na Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas [9]



2.6.15

PADRE ANTÓNIO VIEIRA






NADA MAIS ACTUAL E A COMPROVAR QUE POUCO OU NADA EVOLUÍMOS EM 300 ANOS...



 "Sermão do Bom Ladrão" 
"Não são ladrões apenas os que cortam as bolsas.

Os ladrões que mais merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e as legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais, pela manha ou pela força, roubam e despojam os povos.

Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam correndo risco, estes furtam sem temor nem perigo.
Os outros, se furtam, são enforcados; mas estes furtam e enforcam."

Padre António Vieira

António Vieira

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre
 
 
 
 
António Vieira
 
Retrato do Padre António Vieira, de autor desconhecido do início do século XVIII.
 Nascimento 6 de fevereiro de 1608
Lisboa
 Morte 18 de julho de 1697 (89 anos)
Salvador
 Nacionalidade Português
 Ocupação Religioso, escritor e orador
Assinatura
Assinatura de António Vieira
António Vieira (português europeu) ou Antônio Vieira (português brasileiro) (Lisboa, 6 de fevereiro de 1608Salvador, 18 de julho de 1697), mais conhecido como Padre António Vieira ou Padre Antônio Vieira[1], foi um religioso, filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus.

Uma das mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu incansavelmente os direitos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização e fazendo a sua evangelização. Era por eles chamado "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi).

António Vieira defendeu os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (aqueles cujas as famílias eram católicas a gerações), e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.[2]
 
Na literatura, seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. As universidades frequentemente exigem a sua leitura.

Biografia

 

Seis volumes dos Sermões, expostos numa Biblioteca Municipal, no Brasil.


Nascido em lar humilde, na Rua do Cónego, freguesia da , em Lisboa, foi o primogénito de quatro filhos de Cristóvão Vieira Ravasco, de origem alentejana cuja mãe era filha de uma mulata ou africana, e de Maria de Azevedo, lisboeta.[3][4] [5]
 
Cristóvão serviu na Marinha Portuguesa e foi, por dois anos, escrivão da Inquisição. Mudou-se para o Brasil em 1614, para assumir cargo de escrivão em Salvador, na Bahia, mandando vir a família em 1618.

No Brasil

 

António Vieira chegou à Bahia, onde em 1619 seu pai passou a trabalhar como escrivão no Tribunal da Relação da Bahia, o que motivou a vinda de toda a família. Em 1614, iniciou os primeiros estudos no Colégio dos Jesuítas de Salvador,[6] onde, principiando com dificuldades, veio a tornar-se um brilhante aluno. Segundo o próprio, foi a partir de um "estalo" na cabeça que, de súbito, tudo clareou: passou a entender com facilidade e a guardar tudo o que lia na memória. Até hoje muitos se referem a fenômeno semelhante a esse como "o estalo de Vieira".[7]
 
Ingressou na Companhia de Jesus como noviço em 5 de maio de 1623[8].

Em 1624, quando na invasão holandesa de Salvador, refugiou-se no interior da capitania, onde se iniciou a sua vocação missionária.

Um ano depois tomou os votos de castidade, pobreza e obediência, abandonando o noviciado.
Em 1626, seus talentos como escritor já eram reconhecidos e ficou encarregado de escrever e traduzir para o latim a "Carta Ânua", que era um relatório anual dos trabalhos da Província da Companhia de Jesus, que era encaminhada ao Superior-Geral da Companhia em Roma[8].

Prosseguiu os seus estudos em Teologia, tendo estudado ainda Lógica, Metafísica e Matemática, obtendo o mestrado em Artes. A partir do final de 1626 ou do início 1627, começou a atuar como professor de Retórica em Olinda.

Retornou a Salvador para completar seus estudos, onde em 10 de dezembro de 1634, foi ordenando sacerdote[8].


Nesta época já era conhecido pelos seus primeiros sermões, tendo fama de notável pregador. Em 1638, foi nomeado como professor de teologia do Colégio Jesuíta de Salvador[9].
Quando a segunda invasão holandesa ao Nordeste do Brasil (1630-1654), defendeu que Portugal entregasse a região aos Países Baixos, pois gastava dez vezes mais com sua manutenção e defesa do que o que obtinha em contrapartida, além do fato de que os Países Baixos eram um inimigo militarmente muito superior à época.

 Quando eclodiu uma disputa entre Dominicanos (membros da Inquisição) e Jesuítas (catequistas), Vieira, defensor dos judeus[10], caiu em desgraça, enfraquecido pela derrota de sua posição quanto à questão da guerra.

Em Portugal

 

Após a Restauração da Independência (1640), em 1641 regressou a Lisboa iniciando uma carreira diplomática, pois integrava a missão que ia ao Reino prestar obediência ao novo monarca.

Em 1º de janeiro de 1642, pregou o "Sermão dos Bons Anos" na Capela Real, que teve um forte teor político, no qual criticou os tempos nos quais Portugal foi controlado por castelhanos e no qual associou o sebastianismo a João IV e à restauração da independência de Portugal[8] [9].

Sobressaindo pela vivacidade de espírito e como orador, conquistou a amizade e a confiança de João IV de Portugal, sendo por ele nomeado embaixador e posteriormente pregador régio.

Ainda como diplomata, foi enviado em 1646 aos Países Baixos para negociar a devolução do Nordeste do Brasil, e, no ano seguinte, à França.

 Caloroso adepto de obter para a Coroa a ajuda financeira dos cristãos-novos, entrou em conflito com o Santo Ofício, mas viu fundada a Companhia 
Geral do Comércio do Brasil.

No Brasil, outra vez

 

Em Portugal, havia quem não gostasse de suas pregações em favor dos judeus.

 Após tempos conturbados acabou voltando ao Brasil, onde, entre 16 de janeiro de 1653[9] e setembro de 1661[11], esteve na liderança da Missão no Maranhão e no Grão-Pará, sempre defendendo a liberdade dos índios.[12]

 
Em 1653, proferiu o "Sermão da Primeira Dominga de Quaresma" em São Luís do Maranhão, no qual tentou convencer os senhores de engenho a libertarem os seus escravos indígenas. Sua luta contra a escravidão dos povos nativos da América estava associada à sua crença de que a colonização portuguesa teria como missão converter aqueles povos para a católica[8].

Entre 1658 e 1660, escreveu o "Regulamento das Aldeias[13]", mais conhecido como a "Visita de Vieira", por meio do qual estabeleceu as diretrizes das missões religiosas na Amazônia, que, com pouquíssimas mudanças, vigoraram por mais de um século. Esse documento tratou do cotidiano da ação missionária, envolvendo desde os métodos de doutrinação até a disposição do espaço de moradia dos missionários e índios.

 Essas regras não eram de aplicação restrita aos jesuítas, pois tiveram que ser seguidas também pelas outras congregações[14].

Diz o Padre Serafim Leite em Novas Cartas Jesuíticas, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1940, página 12, que Vieira tem "para o norte do Brasil, de formação tardia, só no século XVII, papel idêntico ao dos primeiros jesuítas no centro e no sul», na «defesa dos índios e crítica de costumes". "Manuel da Nóbrega e António Vieira são, efectivamente, os mais altos representantes, no Brasil, do criticismo colonial. Viam justo - e clamavam!"


Sobre esse período da vida de Vieira, ver também: O papel de Antônio Vieira nas Missões religiosas na Amazônia Portuguesa
 

Naufrágio nos Açores

 

Em 1654, pouco depois de proferir o célebre "Sermão de Santo António aos Peixes" em São Luís,[12] no estado do Maranhão, o padre António Vieira partiu para Lisboa, junto com dois companheiros, a bordo de um navio carregado de açúcar.

Tinha como missão defender junto ao monarca os direitos dos indígenas escravizados, contra a cobiça dos colonos portugueses. Após cerca de dois meses de viagem, já à vista da ilha do Corvo, a Oeste dos Açores, abateu-se sobre a embarcação uma violenta tempestade.

 Mesmo recolhidas as velas, à exceção do traquete, correndo o navio à capa, uma rajada mais forte arrancou esta vela, fazendo a embarcação adernar a estibordo. Em pleno mar revolto, na iminência do naufrágio, o padre concedeu a todos absolvição geral, bradando aos ventos:

"Anjos da guarda das almas do Maranhão, lembrai-vos que vai este navio buscar o remédio e salvação delas. Fazei agora o que podeis e deveis, não a nós, que o não merecemos, mas àquelas tão desamparadas almas, que tendes a vosso cargo; olhai que aqui se perdem connosco."[carece de fontes]
 
Após essa exortação, obteve de todos a bordo um voto a Nossa Senhora de que lhe rezariam um terço todos os dias, caso escapassem à morte iminente.

 Ainda por um quarto de hora o navio permaneceu adernado até que os mastros se partiram. Com o peso da carga, estivada até às escotilhas, o navio voltou à posição normal, permanecendo à deriva, ao sabor dos elementos.

Nesse transe uma outra embarcação foi avistada, mas sem que prestasse qualquer auxílio. Ao cair da noite a mesma retornou, mas tratava-se de um corsário neerlandês que recolheu os náufragos a bordo e pilhou a embarcação à deriva, que acabou por ser afundada.

Nove dias mais tarde, quarenta e um portugueses, despojados de seus pertences pessoais, foram desembarcados na Graciosa, onde o padre António Vieira, com o auxílio dos religiosos da Companhia de Jesus, procurou providenciar-lhes roupas, calçado e dinheiro durante os dois meses que permaneceram na ilha.

 Dali, também, creditou Jerónimo Nunes da Costa para que este fosse a Amesterdão resgatar os papéis e livros que lhe haviam sido tomados pelos corsários, o que se acredita tenha sido cumprido uma vez que dispomos hoje de cerca de duzentos sermões (este naufrágio é relatado no vigésimo-sexto) e cerca de 500 cartas do religioso, muitas das quais anteriores ao naufrágio.


O grupo passou em seguida à Ilha Terceira, onde Vieira obteve o aprestamento de uma embarcação para que os seus companheiros de infortúnio pudessem seguir para Lisboa.

 Instalado no Colégio dos Jesuítas em Angra, ele aqui permaneceu mais algum tempo, tendo instituído a devoção do terço, que pela primeira vez foi cantado na Ermida da Boa Nova. Entre os sermões que pregou em diversos locais da ilha, destacou-se o que proferiu na Igreja da Sé, na Festa do Rosário, celebrada anualmente a 7 de outubro, com aquele templo repleto.


Uma semana mais tarde, Vieira passou à Ilha de São Miguel, onde proferiu o sermão de Santa Teresa, um dos mais destacados de sua autoria. Dali partiu para Lisboa, a bordo de um navio inglês, a 24 de outubro. Após atravessar nova tempestade, o religioso chegou finalmente ao destino, em novembro de 1654.

Em Portugal, outra vez

 

Em setembro de 1661, teve que deixar o Estado do Maranhão e Grão-Pará por reações contrárias às suas ações contra a escravidão dos povos nativos[15].


Em Portugal, António Vieira tornou-se confessor da “regente”, D. Luísa de Gusmão que foi a primeira rainha de Portugal da quarta dinastia, no entanto essa foi deposta em junho de 1662[9], por D. Afonso VI, que não era favorável ao jesuíta.

Abraçou a profecia Sebastiana e por isso entrou em novo conflito com a Inquisição que o acusou de heresia, inicialmente, com base numa carta de 1659 ao bispo do Japão na qual expunha sua teoria do quinto império segundo a qual Portugal estaria predestinado a ser cabeça de um grande império do futuro.

Foi condenado por um conjunto de manuscritos sebastianistas: "Quinto Império"; "História do Futuro" e "Chave dos Profetas" e ficou recluso em um Colégio dos jesuítas Coimbra, entre 1º de outubro de 1665 e 23 de dezembro de 1667, quando sua reclusão foi transferida para a Casa do Noviciado dos jesuítas em Lisboa. Em 30 de junho de 1668, recebeu o perdão das penas[15] [16].

Em Roma

 

Em agosto de 1669, mudou-se para Roma[16], onde ficou 6 anos.

Oficialmente, o motivo de sua viagem era o de defender a canonização dos "Quarenta Mártires Jesuítas" (1570), mas também procurou ser reabilitado e combater a Inquisição Portuguesa[8].
Encontrou o Papa à beira da morte, mas deslumbrou a Cúria com seus discursos e sermões.

 Com apoios poderosos, renovou a luta contra a Inquisição, cuja actuação considerava nefasta para o equilíbrio da sociedade portuguesa. Obteve um breve pontifício que o tornava apenas dependente do Tribunal romano. A mesma extraordinária capacidade oratória que seduzira, primeiro, o governo geral do Brasil, a corte de Dom João IV, e que depois, iria convencer o Papa e garantir assim a anulação das suas penas e condenações.


Entre 1675 e 1681, a actividade da Inquisição esteve suspensa por determinação papal em Portugal e no império, uma determinação que encontrou o seu maior fundamento nos relatórios que o jesuíta deixou em Roma, nas mãos do Sumo Pontífice, sobre os múltiplos abusos de poder. Desta forma conseguia dois feitos raros e históricos, por um lado conseguia parar pela primeira vez durante sete anos a actividade do Santo Oficio em Portugal e, feito não menor, lograva escapulir da perigosa malha que inquisidores derramavam sobre si.

Em Portugal

 

Regressou a Lisboa seguro de não ser mais importunado.

 Quando, em 1671, uma nova expulsão dos judeus foi promovida, novamente os defendeu.

 Mas o Príncipe Regente passara a protector do Santo Ofício e recebeu-o friamente.

 Em 1675, absolvido pela Inquisição, voltou para Lisboa por ordem de D. Pedro, mas afastou-se dos negócios públicos.

No Brasil, pela última vez

 

Em 1681, retornou à Bahia, alegando questões de saúde.

 Em 1688, exerceu a função de visitador-geral das missões do Brasil e dedicou o resto de seus anos à edição dos Sermões, cartas e de Clavis Prophetarum, uma obra de interpretação profética das Escrituras que iniciara em Roma[8].

A coleção completa dos seus Sermões, iniciada em 1679, exigiu 16 volumes. Cerca de 500 de suas Cartas foram publicadas em 3 volumes. As suas obras começaram a ser publicadas na Europa, onde foram elogiadas até pela Inquisição.


Já velho e doente, teve que espalhar circulares sobre a sua saúde para poder manter em dia a sua vasta correspondência.

Em 1694, já não conseguia escrever pelo seu próprio punho.

 Em 10 de junho começou a agonia, perdeu a voz, silenciaram-se seus discursos. Morre na Bahia a 18 de julho de 1697, com 89 anos.[12]
 

Obra

 

Deixou uma obra complexa que exprime as suas opiniões políticas, não sendo propriamente um escritor, mas sim um orador.

 Além dos Sermões redigiu o Clavis Prophetarum, livro de profecias que nunca concluiu.

 Entre os seus sermões, alguns dos mais célebres são: o "Sermão da Quinta Dominga da Quaresma", o "Sermão da Sexagésima", o "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda", o "Sermão do Bom Ladrão","Sermão de Santo António aos Peixes" entre outros.

Vieira deixou cerca de 700 cartas e 200 sermões.


A Obra Completa do Padre António Vieira[17], anotada e atualizada, começou a ser publicada em 2013, quase quatro séculos após o seu nascimento.

 Esta publicação em 30 volumes inclui a totalidade das suas cartas, sermões, obras proféticas, escritos políticos, sobre os judeus e sobre os índios, bem como a sua poesia e teatro, e é a primeira edição completa e cuidada de toda a sua vasta produção escrita.

Um dos maiores projetos editoriais do seu género, foi o resultado de uma cooperação internacional entre várias instituições de investigação e academias científicas, culturais e literárias Luso-Brasileiras, sob a égide da Reitoria da Universidade de Lisboa.

Mais de 20 mil fólios e páginas[18] de manuscritos e impressos atribuídos a Vieira foram analisados e comparados, em dezenas de bibliotecas e arquivos em Portugal, no Brasil, em Espanha, França, Itália, Inglaterra, Holanda, México e Estados Unidos da América.

 Cerca de um quarto da Obra Completa consiste em textos inéditos.

Este projeto, sob a direção de José Eduardo Franco e Pedro Calafate, foi desenvolvido pelo CLEPUL em parceria com a Santa Casa da Misericórdia, e publicado pelo Círculo de Leitores, com o último volume a ser lançado em 2014. Embora esta seja uma edição portuguesa, uma seleção de textos será publicada em 12 línguas como parte do projeto.

Festa litúrgica

 

Embora não seja considerado santo na Igreja Católica, Padre Antônio Vieira consta no calendário de santos da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil como sacerdote e testemunha profética, sendo sua festa litúrgica celebrada em 18 de julho.[19]
 

Obras

 

Primeira página de "Historia do Futuro", de uma edição de 1718.
 
Antônio Vieira escreveu mais de 200 sermões, 700 cartas, além de tratados proféticos, relações etc. Seguem abaixo alguns de seus sermões:[12]
 

Cronologia[20]

 

  • 1608 – Nasce a 6 de fevereiro em Lisboa, na freguesia da , António Vieira, filho primogénito de Cristóvão Vieira Ravasco e de Maria de Azevedo.
  •  
  • 1614 – Desembarca com a família em Salvador da Bahia, onde frequentará as aulas do Colégio dos Jesuítas.
  •  
  • 1624 - Em Maio, as forças holandesas ocupam a cidade do Salvador.
  •  
  • 1626 – Com 18 anos de idade, o noviço António Vieira é encarregue de redigir a Carta Annua ao Geral dos Jesuítas, relatório anual da Companhia de Jesus no Brasil. Constitui o seu primeiro escrito.
  •  
  • 1627 – Transfere-se para o Colégio dos Jesuítas de Olinda, onde passa a ministrar aulas de Retórica.
  •  
  • 1633 – Prega o primeiro sermão público, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, em Salvador.
  •  
  • 1634 – É ordenado sacerdote, a 10 de dezembro, celebrando a 13 do mesmo mês a sua primeira missa.
  •  
  • 1638 – É nomeado Lente em Teologia.
  •  
  • 1640 – Prega o "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as de Holanda", na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, em Salvador.
  •  
  • 1641 – Vieira viaja para Lisboa, onde residirá até 1646.
  •  
  • 1642–1644 – Prega pela primeira vez na Capela Real, em Lisboa, o "Sermão dos Bons Anos". Em atenção ao brilhantismo das suas prédicas recebe, em 1644, o título de Pregador de Sua Majestade e alguns dos seus sermões são publicados separadamente. É, igualmente, nomeado Tribuno da Restauração.
  •  
  • 1645 – Prega o "Sermão do Mandato", na Capela Real, em Lisboa.
  •  
  • 1646–1652 – Profissão solene na Igreja de São Roque, em Lisboa. Pregador e conselheiro de D. João IV, é por este enviado como embaixador em diversas missões diplomáticas aos Países Baixos e à França, negociando Pernambuco, a paz europeia, o financiamento da guerra contra Castela e a futura Companhia Geral do Comércio do Brasil
  •  
  • É o período de grande actividade diplomática e política de Vieira, que se desloca por grande parte da Europa, representando e defendendo os interesses portugueses.
  •  
  •  Faz, ainda, parte da embaixada portuguesa nas negociações da Paz de Münster, cujo objectivo era pôr fim à Guerra dos Trinta Anos.
  •  
  •  Em Ruão e Amesterdão encontra-se e negoceia com representantes da comunidade judaica portuguesa aí refugiada, o que lhe valeria, desde então, a hostilidade do Santo Ofício.

  • 1652 – Em novembro parte de volta para a América Portuguesa, a fim de se dedicar às missões junto dos indígenas do estado do Maranhão, dos quais assumirá corajosamente a defesa, contra os interesses esclavagistas dos colonos.
  •  
  • 1654 – Prega o "Sermão de Santo António aos Peixes", na véspera de embarcar para Lisboa, onde, em breve visita, pedirá providências favoráveis aos índios e às missões jesuítas no estado do Maranhão.



  • 1659 – Visita cinco aldeias da etnia Nheengaíba. No regresso a Belém do Pará, encontrando-se doente em Cametá, redige o seu primeiro tratado futurológico "Esperanças de Portugal, V Império do Mundo".
  •  
  • 1661 – Em resultado do seu combate à escravidão dos índios, Vieira e os seus companheiros jesuítas são expulsos do Estado do Maranhão e embarcados para Lisboa.
  •  
  • 1662 – Prega o importante "Sermão da Epifania" diante da rainha-regente.
  •  
  • 1663–1667 – É desterrado para Coimbra e começam os interrogatórios da Inquisição, que o persegue devido às suas ideias milenaristas e messiânicas inspiradas no profetismo de António Gonçalves Annes Bandarra ("Quinto Império") e, também, por causa das suas alegadas simpatias pela "gente da nação", os judeus.
  •  
  •  Em 1666, a Inquisição ordena que seja retirado da cela de religioso, a que estava confinado, e colocado em cárcere de custódia.
  •  
  •  Apesar de praticamente desprovido de livros para consultas, redige duas Representações da Defesa e, em segredo, parte do livro "História do Futuro" e da "Apologia".
  •  
  •  Em 1667 é proferida a sentença: "… seja privado para sempre da voz activa e passiva e do poder de pregar…"
  •  
  • 1668 – É amnistiado a 12 de junho.
  •  
  • 1669 – Prega o "Sermão do Cego", na Capela Real, em Lisboa. Parte para Roma em busca de revisão da sua sentença, onde permanece seis anos, pregando, em italiano, aos cardeais da Cúria romana e à exilada rainha Cristina da Suécia.
  •  
  • 1675 – Regressa a Lisboa munido de um Breve do Papa Clemente X, isentando-o "por toda a vida de qualquer jurisdição, poder e autoridade dos inquisidores presentes e futuros de Portugal", mas permanecendo sujeito à autoridade da Cúria romana.
  •  
  • 1679 – Declina o convite da rainha Cristina da Suécia para ser seu confessor.
  •  
  • 1681 – Regressa à América Portuguesa, a Salvador, na Bahia, em Janeiro, e passa a residir na Quinta do Tanque, casa de campo do Colégio dos Jesuítas, onde prepara a publicação dos seus Sermões e redige a "Clavis Prophetarum".
  •  
  • 1686 – Vieira é um dos poucos a não ser afectado pela epidemia de "mal da bicha" (febre amarela). Devido a essa calamidade, a Câmara de Salvador faz votos a São Francisco Xavier, proclamando-o Padroeiro da Cidade do Salvador, em 10 de maio.
  •  
  • 1688 – É nomeado Visitador-Geral da Província do Brasil (até 1691).
  •  
  • 1690 – Promove a Missão entre os índios Cariri da Bahia, financiando-a com o lucro da venda dos seus livros.
  •  
  • 1694 – Emite parecer a favor da liberdade dos índios, contra as administrações particulares na Capitania de São Paulo.
  •  
  • 1695 – Envia carta-circular de despedida à nobreza de Portugal e amigos, por não poder escrever a todos.

  • 1696 – É transferido da Quinta do Tanque para o Colégio dos Jesuítas, no Terreiro de Jesus.
  •  
  • 1697 – Termina a revisão do tomo XII dos Sermões; dita a sua última carta ao Geral da Companhia de Jesus, Tirso Gonzalez, a 12 de julho
  •  
  •  
  •  Falece a 18 de julho, no Colégio, aos 89 anos. Os ofícios fúnebres realizam-se na Igreja da Sé, oficiados pelos Cónegos. É sepultado na Igreja do Colégio.
  •  

Bibliografia

 

  • José Pedro Paiva. Padre Antonio Vieira, 1608-1697: bibliografia, Biblioteca Nacional, Lisboa 1999 ISBN 972-565-268-1
  •  
  • João Lúcio de Azevedo. História de Antônio Vieira. São Paulo: Alameda, 2008, 2v.: Esse biógrafo destaca-se por dividir a vida de Vieira em seis fases: "O religioso" (1608-40), "O político" (1641-50), "O missionário" (1651-61), "O vidente" (1661-68), "O revoltado" (1669-80) e "O vencido" (1681-97)[9]
  •  
  • José Van Den Besselaar. António Vieira: o homem, a obra, as ideias. Lisboa: ICALP, 1981 (Colecção Biblioteca Breve - Volume 58)
  •  
  • Thomas Cohen. The fire of tongues. Stanford, EUA: Stanford University Press, 1998.
  • Margarida Vieira Mendes.
  •  
  •  A oratória barroca de Vieira. 2ª ed., Lisboa: Caminho, 2003.
  •  
  • Alcir Pécora. Teatro do sacramento. 2ª ed., São Paulo/Campinas: Edusp/Ed. Unicamp, 2008.
  • Revista Semear. Revista da Cátedra Padre António Vieira de Estudos Portugueses , n. 2, 1998.
  •  

Referências

 


  1. Revista Oceanos, nrs. 30/31, Abril/Setembro 1997.

Ligações externas

 

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  • No Portugues Barroco da época do Padre, o nome da familia era escrito Vieyra; esta maneira de soletrar o nome do Padre é ainda a usada na Wikipedia em Ingles no artigo referente a ele

  • «Padre António Vieira». www.ubi.pt. Consultado em 11 de junho de 2020
  •  
  •  

  • RevelarLX Arquivado em 10 de fevereiro de 2012, no Wayback Machine. based on CARDOSO, Maria Manuela Lopes – António Vieira: pioneiro e paradigma de Interculturalidade.
  •  
  •  Lisboa: Chaves Ferreira Publicações S.A., 2001. p. 37-57; DOMINGUES, Agostinho – O Padre António Vieira: um património a comunicar. Porto: Edição Artes Gráficas, Lda., 1997. p. 6-37; 
  •  
  • DOMINGUES, Mário – O drama e a glória do Padre António Vieira. 2ª edição. Lisboa: Livraria Romano Torres, 1961. p. 9-31. MENDES, João, S.J. – Padre António Vieira. Lisboa: Editorial Verbo, imp. 1972. p. 9-23.
  •  
  •  

  • http://www.companhiadasletras.com.br/trechos/12824.pdf

  • http://digitalblue.blogs.sapo.pt/77449.html


  • Coelho, Geraldo Mártires. (dezembro de 2010). O visionário da Amazônia. Revista de História da Biblioteca Nacional, n.63

  • Sermões: http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/sermoes-401724.shtml Arquivado em 12 de novembro de 2013, no Wayback Machine.
  •  

  • O MESSIANISMO DO PADRE VIEIRA E A INQUISIÇÃO, acesso em 16 de outubro de 2016.
  •  

  • Os Jesuítas no Maranhão e Grão-Pará Seiscentista: Uma Análise Sobre os Escritos dos Protagonistas da Missão, acesso em 11 de novembro de 2016.
  •  

  • Propôs que Portugal protegesse os cristãos novos (judeus) da Inquisição, de modo a atrair os cristãos novos que estavam espalhados pela Europa, e desse modo atrair recursos para financiar os empreendimentos do Império Português cf. (Antonio Vieira, acesso em 13 de outubro de 2016.).
  •  

  • Os Jesuítas no Maranhão e Grão-Pará Seiscentista: Uma Análise Sobre os Escritos dos Protagonistas da Missão, acesso em 11 de novembro de 2016.
  •  

  • «Antonio Vieira». UOL - Educação. Consultado em 6 de fevereiro de 2013
  •  
  •  

  • REGULAMENTOS DAS ALDEIAS: da Missio ideal às experiências coloniais, acesso em 28 de outubro de 2016.
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  • A ordem da missão e os jogos da ação: conflitos, estratégias e armadilhas na Amazônia do século XVII, acesso em 12 de outubro de 2016.
  •  

  • Antonio Vieira, acesso em 16 de outubro de 2016.
  •  

  • Padre António Vieira nos cárceres da Inquisição, acesso em 16 de outubro de 2016.
  •  

  • http://www.circuloleitores.pt/catalogo/1061674/padre-antonio-vieira
  •  

  • http://expresso.sapo.pt/lancada-obra-integral-do-padre-antonio-vieira=f785286
  •  

  • "Normas para o Ano Cristão". Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. 27 de novembro 2014. 
  • Disponível em: [1]. Página visitada em 20 de julho de 2015.
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