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8.4.24

Novas moedas de 5€

 

Nove perguntas e respostas sobre as novas moedas de 5€ (sim, moedas)

Veja os cuidados a ter para não ser enganado.

Nove perguntas e respostas sobre as novas moedas de 5€ (sim, moedas)
Notícias ao Minuto

08/04/24 08:54 ‧ Há 3 Horas por Notícias ao Minuto

Economia Dinheiro

Este ano entram em circulação seis novas moedas de cinco euros, que são de coleção, lembrou a DECO PROteste. Sabe como vão funcionar e em que consistem? A organização de defesa do consumidor preparou um conjunto de nove perguntas e respostas que ajuda a esclarecer algumas dúvidas. Fique a par. 

1. A nova moeda de 5€ vale o mesmo que a nota de 5€?

"Sim, as novas moedas de cinco euros que vão entrar em circulação até ao final do ano têm um valor facial de cinco euros, o que significa que valem tanto como notas de cinco euros."

2. O que faço se me pagarem com uma moeda de 5€?

"Se receber um pagamento ou um troco com as novas moedas, pode usá-las, desde que sejam aceites como meio de pagamento. O valor destas moedas é o mesmo que o das moedas e notas correntes."

3. Como sei que não se trata de uma moeda falsa?

"As características de cada uma destas moedas de coleção estão disponíveis no site do Banco de Portugal. Para detetar uma moeda falsa, verifique os vários elementos de segurança da moeda; não se baseie apenas num deles. Preste especial atenção aos relevos, aos bordos e às propriedades magnéticas de algumas moedas."

4. Posso recusar o pagamento com uma destas moedas?

"Os operadores económicos (supermercados ou outros estabelecimentos, por exemplo) não podem recusar as moedas de coleção, mas o consumidor individual não é obrigado a aceitá-las. O Banco de Portugal sugere que, caso não pretenda aceitar as moedas, peça educadamente para receber a mesma quantia de outra forma."

5. Podem recusar o meu pagamento com uma destas moedas?

"Desde que seja autorizada em Portugal, como é o caso da nova moeda de cinco euros, à partida, nenhuma nota nem moeda pode ser recusada, seja qual for a sua natureza. Apesar disso, ninguém é obrigado a receber, num único pagamento, mais do que 50 moedas."

6. Posso usar moedas comemorativas em máquinas de pagamento automático? 

"As máquinas de pagamento automático estão calibradas de acordo com as notas e as moedas de uso corrente. Tendo em conta que não há moedas de cinco euros e de 7,5 euros de uso corrente, as moedas comemorativas destes valores não deverão poder ser usadas nas máquinas. Já as moedas comemorativas de dois euros, cujas características são muito semelhantes às das moedas de dois euros correntes, não deverão levantar problemas a este nível."

7. As novas moedas podem ser usadas para pagar noutros países?

"As moedas emitidas para fins numismáticos ou de coleção, como é o caso, apenas estão autorizadas em Portugal, pelo que não são de aceitação obrigatória no estrangeiro."

8. Podem pedir-me mais do que o valor facial por esta moeda? 

"Apesar de o valor pecuniário destas moedas de coleção estar fixado em 5 euros e 7,5 euros, o Banco de Portugal determina que, em função dos diferentes tipos de acabamento, do eventual recurso a metais nobres, ou da embalagem, as moedas de coleção possam ser vendidas pelo valor facial ou por um valor superior a esse."

9. As notas de 5€ vão acabar?

"Não está previsto que as notas de cinco euros deixem de estar em circulação. Tratando-se de uma moeda de coleção, a nova moeda de cinco euros vai existir ao mesmo tempo que a nota com o mesmo valor."

Leia Também: Vem aí mais uma moeda de coleção e vale 7,50€ (sim, leu bem)

6.4.24

2023. CLIMA

 

O mais quente a nível Global

2024-04-05 (IPMA)

O relatório State of the Global Climate2023 , da Organização Meteorológica Mundial (WMO), apresenta uma síntese do estado dos indicadores climáticos em 2023, dos quais podemos destacar a temperatura do ar à superfície, temperatura da superfície e da superfície do oceano à escala global, concentração de gases com efeito de estufa, quantidade de calor dos oceanos, nível do mar, acidificação dos oceanos, gelo marinho do Ártico e da Antártico, placa de gelo da Gronelândia, glaciares, cobertura de neve, precipitação e ozono estratosférico, bem como a análise dos principais fatores de variabilidade climática interanual, incluindo o El Niño - Oscilação Sul.


Em relação aos fenómenos extremos destacam-se os relacionados com ciclones tropicais, tempestades de vento, cheias, secas e extremos de calor e frio. Este relatório apresenta também as mais recentes conclusões sobre riscos e impactos relacionados com o clima, incluindo a segurança alimentar e a deslocação das populações.
Em termos de resultados, o ano de 2023 foi o mais quente desde que há registos.A temperatura média do ar global em 2023 foi 1.45 ± 0.12 °C acima da média de 1850–1900, valor muito perto do limite inferior de 1.5° C do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas.

Destaca-se neste relatório os seguintes indicadores:
•    Temperatura do ar: 2023 foi o ano mais quente dos últimos 174 anos (registos de observação), ultrapassando claramente o anteriorano mais quente, 2016, 1.29 ± 0.12 °C acima da média de
1850–1900 (Fig. 1). Os últimos nove anos, 2015–2023, foram os mais quentes desde que há registos.
•    Gases de efeito estufa:a concentração dos três principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono, metano e óxido nitroso –atingiu níveis recordes observados em 2022, o último ano para o qual os valores globais consolidados estão disponíveis (1984–2022). Dados em tempo real de locais específicos mostram que os níveis dos três gases de efeito de estufacontinuaram a aumentar em 2023.
•    Oceanos:o conteúdo de calor dos oceanos atingiu o seu nível mais alto nos últimos 65 anos (registos de observação).Um período prolongado de La Niña, desde meados de 2020 até o início de 2023, deu lugar a condições de El Niño que se estabeleceram até setembro de 2023, o que contribuiu para o aumento da temperatura média global da superfície do mardurante 2023.
•    Nível médio do mar: em 2023, o nível médio do mar a nível global atingiu um máximo histórico nos registos de satélite (de 1993 até ao presente), refletindo o aquecimento contínuo dos oceanos, bem como o derretimento de glaciares e mantos de gelo.A taxa de aumento médio global do nível médio do mar nos últimos dez anos (2014-2023) é mais do dobro da taxade aumento do nível médio do mar na primeira década dos registos de satélite (1993–2002).
•    Gelo marinho do Ártico: a extensão do gelo marinho no Ártico continua muito inferior ao normal em 2023(Fig. 2), com a extensão máxima anual e a extensão mínima anual a serem respetivamente o 5º e 6º valores mais baixos desde 1979 (inicio dos registos de satélite). A Antártida também atingiu um mínimo absoluto recorde no mês de fevereiro e um mínimo histórico desde junho ao início de novembro.
•    Cobertura de gelo Gronelândia: foi o verão mais quente já registado na estação Summit, 3.4 °C mais quente que a média 1991–2020e 1.0 °C mais quente que o anteriorrecorde.
•    Glaciares: os glaciares da parte oeste da América do Norte e nos Alpes Europeus tiveram umperíodode diminuição extrema. Na Suíça, os glaciares perderam cerca de 10% do seu volume restante nos últimos dois anos.
•    Eventos extremos: as condições meteorológicas extremas continuaram a causar graves impactossocioeconómicos.O calor extremo afetou muitas partes do mundo, incêndios florestais no Havaí, Canadá e Europa levaram à perda de vidas, destruição de casas e poluição atmosférica em grande escala. Inundações associadas a chuvas extremas do ciclone Daniel no Mediterrâneoafetou a Grécia, a Bulgária, a Turquia e a Líbia comperdas de vidas em particular na Líbia.

 
  • Figura 1: Anomalias da temperatura do ar média anual no Globo (em relação a 1850–1900 )de 1850 a 2023.Os dados são de seis fontes conforme indicado na legenda, Fonte: WMO.

    Figura 1: Anomalias da temperatura do ar média anual no Globo (em relação a 1850–1900 )de 1850 a 2023.Os dados são de seis fontes conforme indicado na legenda, Fonte: WMO.

  • Figura 2:  (à esquerda) Extensão diária do gelo marinho do Ártico de janeiro a dezembro, mostrando 2023 (linha vermelha) em relação ao valor médio (1991–2020, azul escuro) e os recordes de maior e menor extensão para cada dia (azul médio). Os anos individuais são mostrados a azul claro. (à direita) Concentração de gelo em 19 de setembro de 2023, na extensão mínima anual de gelo do Ártico. A linha amarela indica a mediana para período 1981-2010.

    Figura 2: (à esquerda) Extensão diária do gelo marinho do Ártico de janeiro a dezembro, mostrando 2023 (linha vermelha) em relação ao valor médio (1991–2020, azul escuro) e os recordes de maior e menor extensão para cada dia (azul médio). Os anos individuais são mostrados a azul claro. (à direita) Concentração de gelo em 19 de setembro de 2023, na extensão mínima anual de gelo do Ártico. A linha amarela indica a mediana para período 1981-2010.

4.4.24

TORNADOS EM PORTUGAL CONTINENTAL

 

Tornados, 28 de março

2024-04-04 (IPMA)

No passado dia 28 de março o bordo sul da depressão “Nelson”, com ondulações frontais associadas, afetava o território do continente, promovendo, a partir da manhã, um fluxo de oes-sudoeste moderado a forte sobre o território (figura 1). Nas regiões do centro e do sul, à passagem de uma ondulação frontal de noroeste para sueste, encontravam-se reunidos os ingredientes necessários à formação de nuvens com desenvolvimento vertical, por vezes com natureza de supercélula (SC). Estas perturbações são caraterizadas pela presença de um mesociclone (MC), que corresponde a um movimento de rotação na nuvem, organizado, mas que se estabelece apenas em altitude. Só em condições muito particulares é possível a formação de um tornado, a partir do referido MC. Tornado implica, por definição, a presença de um vórtice em contacto com a superfície. O ambiente atmosférico ao final da manhã e tarde deste dia era, igualmente, caraterizado por um escoamento muito forte aos vários níveis, em que células convectivas coexistiam, por vezes, com bolsas de ar relativamente mais seco. Nestas condições é favorecido o transporte, vertical, de parcelas de ar com momento linear de grande magnitude, de modo que as correntes de ar associadas à precipitação, podiam causar a ocorrência de rajadas muito fortes de vento, em níveis baixos. Estes fenómenos, denominados por rajadas convectivas são, em geral, muito repentinos e localizados.
Durante a tarde deste dia foram reportados episódios de vento e precipitação forte, em diversos locais da área metropolitana de Lisboa e do sul do território do continente. A maior parte destes episódios de vento forte terá estado associada a rajadas convectivas. Alguma da documentação consultada permite concluir que, por vezes, a magnitude das rajadas terá excedido os 100 km/h.
Sobre o rio Tejo foi observado um vórtice de tornado, ao início da tarde. Na figura 2 é possível seguir o padrão de dipolo na velocidade Doppler correspondente à SC que veio a produzir o fenómeno. Pelas 13:57 UTC (UTC = hora local nesta data) a SC situava-se a oeste da foz do rio Tejo (figura 2a). Com uma advecção de 23 m/s (83 km/h) na direção es-nordeste, a SC cruzou todo o sul da cidade de Lisboa, entre a zona de Belém (figura 2b) e a zona oriental da cidade (figura 2c), onde se situava pelas 14:17 UTC, já próximo da Ponte Vasco da Gama. Dez minutos após, a assinatura do dipolo era ainda perfeitamente visível, encontrando-se a SC já sobre os terrenos sedimentares do estuário do Tejo (figura 2d). Pela análise dos elementos disponíveis até ao momento, o tornado ter-se á iniciado sobre a água do estuário, provavelmente já a este da Ponte Vasco da Gama, no período compreendido entre as 14:21 e as 14:24 UTC. Não são conhecidos efeitos de destruição associados ao tornado, pelo que não é possível estimar a sua intensidade.
Para o final da tarde, no Barlavento algarvio, foi reportado um episódio de vento forte em Benaciate (freguesia de S. Bartolomeu de Messines, concelho de Silves). Pela análise das observações com radar, documentação e relatos, confirmou-se que a ocorrência esteve associada a um tornado. Na figura 3 pode seguir-se a evolução da SC que gerou o fenómeno. Pelas 17:07 UTC a SC situava-se ainda sobre o mar (figura 3a), localizando-se nas proximidades de Lagoa (concelho de Lagoa) dez minutos após (figura 3b). Com uma advecção de 22,5 m/s (81 km/h) na direção es-nordeste, pelas 17:27 UTC esta SC situava-se próximo do local de onde foi reportada a ocorrência (figura 3c) e, dez minutos mais tarde, já se encontrava após a auto-estrada A2 (figura 3d). Este tornado destruiu duas casas pré-fabricadas, danificou outras habitações e causou a queda de árvores de grande porte que danificaram viaturas, a queda de postes de telecomunicações e de energia. Ignora-se a extensão e largura do trajeto de destruição deste fenómeno.
Uma análise preliminar dos efeitos da destruição reportada no local, aponta para que o fenómeno tenha alcançado uma intensidade de, pelo menos, F1/T2 (escala clássica de Fujita/escala de Torro), correspondendo a vento na gama 33-41 m/s, ou seja, 119-148 km/h (rajada, média de 3s). Estes valores devem ser considerados como provisórios, podendo vir a ser confirmados ou alterados proximamente.

 

Imagens associadas

  • Figura 1 – Campo da pressão ao nível médio do mar (linhas a preto, de 4 em 4 hPa), vento (notação de barbelas, direção e intensidade em nós), depressão (B), anticiclone (A), previsão para as 15 UTC, 28 de março de 2024. Depressão “Nelson” assinalada com seta.

    Figura 1 – Campo da pressão ao nível médio do mar (linhas a preto, de 4 em 4 hPa), vento (notação de barbelas, direção e intensidade em nós), depressão (B), anticiclone (A), previsão para as 15 UTC, 28 de março de 2024. Depressão “Nelson” assinalada com seta.

  • Figura 2 - Sequência de Imagens de PPI (indicador de posição plana, elevação 1.5°) de velocidade Doppler em relação à tempestade (m/s), 13:57 UTC (painel a), 14:07 UTC (painel b), 14:17 UTC (painel c), 14:27 UTC painel d), 28 março 2024, radar de Coruche (situado fora das imagens, canto sup. direito). Setas curvas a preto assinalam o padrão dipolar indicativo da circulação do mesociclone da supercélula (SC), a baixa altitude. Segmento a tracejado representa a trajetória aproximada da SC no período 13:57 -14:07 UTC.

    Figura 2 - Sequência de Imagens de PPI (indicador de posição plana, elevação 1.5°) de velocidade Doppler em relação à tempestade (m/s), 13:57 UTC (painel a), 14:07 UTC (painel b), 14:17 UTC (painel c), 14:27 UTC painel d), 28 março 2024, radar de Coruche (situado fora das imagens, canto sup. direito). Setas curvas a preto assinalam o padrão dipolar indicativo da circulação do mesociclone da supercélula (SC), a baixa altitude. Segmento a tracejado representa a trajetória aproximada da SC no período 13:57 -14:07 UTC.

  • Figura 3 - Sequência de Imagens de PPI (indicador de posição plana, elevação 0°) de velocidade Doppler em relação à tempestade (m/s), 17:07 UTC (painel a), 17:17 UTC (painel b), 17:27 UTC (painel c), 17:37 UTC (painel d), 28 março 2024, radar de Loulé (situado fora das imagens, para a direita). Setas curvas a preto assinalam o padrão dipolar indicativo de circulação do mesociclone da supercélula (SC), a baixa altitude. Segmento a tracejado representa a trajetória aproximada da SC no período 17:07 -17:37 UTC. Seta a preto indica o local de Benaciate (Silves), onde foi reportada destruição por vento forte.

    Figura 3 - Sequência de Imagens de PPI (indicador de posição plana, elevação 0°) de velocidade Doppler em relação à tempestade (m/s), 17:07 UTC (painel a), 17:17 UTC (painel b), 17:27 UTC (painel c), 17:37 UTC (painel d), 28 março 2024, radar de Loulé (situado fora das imagens, para a direita). Setas curvas a preto assinalam o padrão dipolar indicativo de circulação do mesociclone da supercélula (SC), a baixa altitude. Segmento a tracejado representa a trajetória aproximada da SC no período 17:07 -17:37 UTC. Seta a preto indica o local de Benaciate (Silves), onde foi reportada

3.4.24

O REI SEM ABRIGO.

 

"O facto de uma amante não ter sido só e apenas isso foi um problema"

O diplomata José de Bouza Serrano publicou este ano a obra 'O Rei Sem Abrigo - Don Juan Carlos I de Espanha', na qual fala sobre a vida do antigo soberano espanhol, desde a infância até aos dias de hoje. Em entrevista ao Fama ao Minuto, o autor partilhou o que o motivou a contar esta história agora e falou sobre o episódio mais trágico da vida do rei emérito e aqueles que considera terem sido os maiores acertos e erros do seu percurso enquanto Chefe de Estado, que durou quase 40 anos.

"O facto de uma amante não ter sido só e apenas isso foi um problema"
Notícias ao Minuto

03/04/24 09:20 ‧ Há 8 Horas por Inês de Brito Martins

Fama José de Bouza Serrano

José de Bouza Serrano é diplomata e esteve destacado em embaixadas de diversos países, entre os quais Espanha, onde fixou residência entre 1984 e 1989, altura em que coincidiu em diversas ocasiões com o então soberano, Juan Carlos I. 

Em janeiro de 2024 escreveu o livro 'O Rei Sem Abrigo - Don Juan Carlos I de Espanha', no qual conta a história de vida do rei emérito, desde a infância até aos dias de hoje, sem esquecer a conjuntura política que acompanhou todo este período.

Da ditadura franquista à monarquia constitucional, José de Bouza Serrano fala sobre a infância de Juan Carlos no exílio, a trágica morte do irmão mais novo, Don Alfonso, as amantes e as dívidas fiscais, entre outros temas que marcam a vida do rei emérito.

‘Sem abrigo’, é um título muito forte.  Mas como é que se classifica uma pessoa a quem não é permitido dormir no seu país, onde foi rei durante 40 anos?

Porque é que decidiu escrever este livro agora?

Este ano assinalam-se dez anos da abdicação do rei Juan Carlos, mas nem foi tanto por causa disso. Era uma coisa que eu queria ter feito há já algum tempo, por ser uma pessoa que admiro muito. Um dia, quando puserem os dois pesos na balança e virem bem o que ele fez pelo país, o seu fim de reinado acabará por ser, não esquecido, mas, no mínimo, desvalorizado. Não terá a importância que hoje em dia lhe damos.

Optou por um título forte - ‘O Rei Sem Abrigo - Don Juan Carlos I de Espanha’. Porquê esta escolha?

‘Sem abrigo’, é um título muito forte. Mas como é que se classifica uma pessoa que, por exemplo, vai à festa dos 60 anos da filha mais velha [a infanta Elena, celebrados no passado dia 23 de dezembro] e não lhe é permitido dormir no seu país, onde foi rei durante 40 anos?

Agora, olhando para trás, é fácil perceber que foi um erro (...) E é também difícil, quanto mais tempo passa e mais confiança se vai dando à pessoa, acreditar que ela nos vai atraiçoar desta forma 

O rei teve várias amantes ao longo da vida, sendo a mais conhecida Corinna Larsen, não só por ter sido um caso relativamente recente, como também pelo facto de a empresária ter sido paralelamente um apoio para o antigo soberano nos negócios. Considera que foi um erro Juan Carlos ter ‘misturado’ o lado sentimental com o profissional?

O facto de uma amante não ter sido só e apenas isso foi um problema. O mais que poderia ter acontecido era essa mulher ter sido revelada como amante do rei, mas ele teve várias e nunca isso foi um problema.

O problema está em tudo o resto. Ela criou duplo papel. No fundo, ele admirava-a muito fisicamente. Por outro lado, ela era uma mulher muito esperta, uma mulher de negócios, muito hábil e ele ficou seduzido por tudo isso. Além disso, ela assume um papel de destaque numa altura em que o rei tinha ficado sem o gestor dele e ela era ótima para o cargo, muito organizada, sabia muito bem apresentar as coisas. E entrou numa série de funções, incluindo junto dos ‘irmãos árabes’, como Juan Carlos chamava a alguns líderes dos Emirados. Talvez tenha sido esse o erro, ela acabou por saber demais.

Não considera essa atitude do rei um pouco ingénua?

Completamente. Ele sempre acreditou na sua ‘boa estrela’ e achou que ela se tinha apaixonado perdidamente por ele, com aquela idade… como se ele fosse eternamente jovem! Considerou que ela nunca iria ‘pôr a boca no trombone’ e contar o que sabia [sobre os negócios com a Arábia Saudita, que valeram a Juan Carlos uma avultada dívida às Finanças e a saída de Espanha]. Agora, olhando para trás, é fácil perceber que foi um erro, mas na altura talvez não fosse assim tão óbvio. E é também difícil, quanto mais tempo passa e mais confiança se vai dando à pessoa, acreditar que ela nos vai atraiçoar desta forma.

Ele nasceu no exílio e, neste momento, ninguém diz que ele está nessa condição. Mas no fundo é um exílio

Diz-se que o rei a certa altura quis divorciar-se da rainha Sofía para se casar com esta amante…

Claro, mas ela nunca, nunca se iria divorciar. E muito menos depois das traições e de tudo o que aguentou ao longo de tantos anos. E ela, sendo grega, goza de popularidade entre os espanhóis, que é coisa, por exemplo, que com a Rainha Letizia, que é espanhola, já não acontece tanto.

Porque é que Juan Carlos terá decidido abdicar do trono ainda antes de celebrar 40 anos de reinado?

O rei nem abdicou logo, porque achava que o casamento dos então príncipes de Astúrias – Felipe e Letizia - não estava ao nível de solidez e popularidade do dele com a rainha Sofía. Por outro lado, o seu apego ao poder também contou. Ele passou por muito, teve de ‘comer cobras e lagartos’ para chegar ao trono, queria muito celebrar os 40 anos de reinado e isso não lhe foi permitido.

Depois, foram uma série de acontecimentos que precipitaram o fim, incluindo aquela caçada no Botswana. Numa altura em que o país enfrentava dificuldades - tal como Portugal – o rei ausentar-se para fazer uma caçada sem avisar ninguém… Poderia ter passado despercebido, não fosse o terrível acidente que sofreu [caiu e fraturou a anca], que o obrigou a ser transportado para Madrid para ser operado.

Estou convencido de que, apesar das divergências dos últimos anos, a vontade do filho [Felipe VI] é que o pai regresse. Se nas próximas eleições houver uma viragem à Direita – qualquer Direita -, acho que o rei voltará 

Desde agosto de 2020 que o rei reside fora de Espanha, nos Emirados Árabes Unidos...

Ele nasceu no exílio e, neste momento, ninguém diz que ele está nessa condição. Mas no fundo é um exílio.

O que é que teria de acontecer para Juan Carlos poder deixar Abu Dhabi e regressar a Madrid?

Basta este governo sair, basta Pedro Sánchez sair. Estou convencido de que, apesar das divergências dos últimos anos, a vontade do filho [Felipe VI] é que o pai regresse. Se nas próximas eleições houver uma viragem à Direita – qualquer Direita -, acho que o rei voltará.

Qual considera que foi o maior erro no percurso do rei ao longo das quase quatro décadas em que reinou?

Ter acreditado demasiado na sua ‘boa estrela’ e na sua intuição. E depois, ter tido uma grande necessidade de ser feliz. Ou seja, de ter uma série de coisas de que se privou durante muito tempo, nomeadamente durante a infância e adolescência, em que imperou a ditadura de Franco.

Ele achou sempre que ia escapar dos problemas, até porque durante muito tempo havia um certo pacto com a imprensa [de não atacar a imagem da monarquia]. Mas os tempos mudaram. As traições são mal vistas, muito pior do que antigamente e claro, compreende-se, é uma questão de moral.

E o maior acerto?

Sem dúvida, levar a democracia para Espanha, após o regime franquista, algo que parecia impensável. E, além disso, conseguir mantê-la.

Ele teve tudo, chegou até mais longe do que sonharia ter chegado, conseguiu uma popularidade extraordinária e mudou o radicalmente o país. Mas nada disso lhe tira aquela mágoa que ele tem 

Há um capítulo no livro no qual refere que existem pessoas que acreditam que são amigas dos reis, por se moverem nos mesmos círculos, mas que isso não podia estar mais longe da verdade. Quer explicar?

Claramente não são. Os amigos do rei são os seus parentes, aqueles que são iguais a ele. Os restantes são pessoas que podem ser úteis num certo momento do reinado, mas que depois... Os reis são educados para serem bem educados. Portanto, são pessoas atenciosas, o que faz com que quem se relaciona com eles, mas não pertença à sua família, acredite sempre que está mais próximo do que realmente está. É apenas uma relação de conveniência.

Na obra diz que Juan Carlos não gosta de ser tratado por ‘rei emérito’. Porquê?

De facto, não gosta. Porque dá uma ideia de fim, de um reinado que já acabou, e isso não é uma ideia que lhe agrade. Mas tem de ser, até para o distinguir do filho, que é quem agora reina.

Considera que, atualmente, o povo espanhol é um pouco ingrato em relação a Juan Carlos, desconsiderando a conjuntura política que o levou a ascender e a manter-se no trono?

As novas gerações talvez, porque nunca viveram no franquismo. Não sabem o que se passou. Já nasceram em democracia e acham que foi sempre assim. O grande problema hoje em dia, principalmente das novas gerações, é uma certa falta de perspetiva histórica. Mas vejo acontecer o mesmo em Portugal.

É possível que toda a gente faça pouco dela. Onde já se viu a neta do rei a fazer essas figuras?

Quando era ainda adolescente Juan Carlos encontrava-se com o irmão, Alfonso, quando uma desgraça aconteceu. Ambos tinham uma pistola, que disparou acidentalmente e matou o mais novo dos filhos dos condes de Barcelona. Diz-se – ainda que nunca tenha sido comprovado – que era Juan Carlos quem segurava a arma…

Aquele episódio marcou-o para a vida toda. Mas ele soube sempre esconder bem isso. No entanto, o rei tem um olhar triste, um olhar melancólico. Ele teve tudo, chegou até mais longe do que sonharia ter chegado, conseguiu uma popularidade extraordinária e mudou o radicalmente o país. Mas nada disso lhe tira aquela mágoa que ele tem.

Regressando agora à atualidade, Victoria Federica – neta de Juan Carlos e filha da infanta Elena – decidiu há cerca de dois anos ‘abraçar’ a vida de influenciadora digital e vai até, em breve, entrar num reality show, 'El Desafío'. Como é que vê isso?

Vejo pessimamente. Não pode chegar a isso, de maneira nenhuma. As pessoas têm de guardar o seu círculo. Não é que não se possam dar com toda a gente, claro que podem, mas não foram criadas para isso [participar em programas televisivos e ter uma vida demasiado exposta]. Lamento, mas não se pode misturar desta forma. É possível que toda a gente faça pouco dela. Onde já se viu a neta do rei a fazer essas figuras?

Juan Carlos diz que gostaria de ser lembrado por ter cumprido o seu dever e por ter sido honesto. E isto não será possível

Acredita que Juan Carlos, olhando para todo o seu percurso enquanto monarca, terá alguma grande mágoa?

Acho que ele tem. Por estes últimos anos mais tristes. Juan Carlos diz que gostaria de ser lembrado por ter cumprido o seu dever e por ter sido honesto. E isto não será possível, não só pelos escândalos que salpicaram os seus últimos anos de reinado e de vida, como também pelo facto de ser preciso sempre um rei manter uma certa distância e alguma discrição e segredo. Tudo isso faz com que seja difícil que venha a ser recordado pela honestidade.

Qual o seu próximo projeto?

Para já não tenho nada em mãos. Gostava muito de escrever um romance, mas não sei se serei capaz! [risos] Seria uma obra com base nos meus 40 anos no Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Leia Também: Infanta Elena em Abu Dhabi para passar a Páscoa com Juan Carlos

30.3.24

Vem aí o horário de verão!

 

Vem aí o horário de verão! Relógio adianta uma hora na próxima madrugada

A hora legal voltará a mudar para o regime de inverno a 27 de outubro.

Vem aí o horário de verão! Relógio adianta uma hora na próxima madrugada
Notícias ao Minuto

30/03/24 07:27 ‧ Há 12 Horas por Notícias ao Minuto com Lusa

País Mudança de hora

Estamos em contagem decrescente para dizer 'olá' ao horário de verão. E não temos de esperar muito mais. Portugal continental e as regiões autónomas da Madeira e dos Açores vão adiantar os relógios uma hora na madrugada deste domingo, 31 de março.

E é assim que se 'processa': Em Portugal continental e na Região Autónoma da Madeira, os relógios deverão ser adiantados uma hora quando for 01h00, passando a ser 2h00.

Já na Região Autónoma dos Açores, a alteração será feita às 00h00, mudando para a 1h00.

A hora legal voltará a mudar em 27 de outubro - data em que regressaremos para o regime de inverno.

Recorde-se que o atual regime de mudança da hora na União Europeia é regulado por uma diretiva que determina que todos os anos os relógios sejam adiantados e atrasados uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim da hora de verão, respetivamente.

Em março de 2019, o Parlamento Europeu aprovou, sob proposta da Comissão Europeia, o fim da mudança da hora nos Estados-Membros da União Europeia, defendendo a entrada em vigor da medida em 2021. Contudo, a adoção da medida no espaço comunitário dependia de uma tomada de posição, que está por haver, do Conselho da União Europeia, instância de decisão onde estão representados todos os Estados-Membros, e também dos países.

Portugal defende o atual regime, com uma hora de verão e com uma hora de inverno.

26.3.24


Chuva, vento, neve e agitação marítima forte na semana da Páscoa no Continente - Comunicado Nº1

Informação Meteorológica Comunicado válido entre 2024-03-26 18:27 e 2024-03-27 23:59 Chuva, vento, neve e agitação marítima forte na semana da Páscoa no Continente - Comunicado Nº1

 NELSON foi o nome atribuído pela AEMET a uma depressão que estará centrada em 49.9N 14.6W às 14UTC do dia 27 de março.

 Este será o núcleo principal de uma vasta região depressionária, com ondulações frontais associadas, que se estende desde a Islândia até à região da Madeira, influenciando o estado o tempo em Portugal Continental.

De acordo com as previsões atuais dos modelos numéricos, prevê-se precipitação persistente, por vezes forte e acompanhada de trovoada, pelo menos até ao Domingo de Páscoa.

 Essa precipitação será frequentemente sob a forma de neve nos pontos mais altos da Serra da Estrela e das serras do extremo Norte, podendo em alguns períodos baixar a cotas a rondar os 1000 metros de altitude.Quanto à temperatura, prevêem-se valores sem alteração significativa ao longo da semana, apesar de uma subida da temperatura mínima no dia 27 e nova descida no dia 29, Sexta-Feira Santa. 

Serão registadas temperaturas máximas entre 15 e 20°C na região Sul, sendo entre 10 e 15°C na generalidade do Norte e Centro, e inferiores no nordeste transmontano e nas terras altas, onde em diversos dias não deverão superar os 10°C.

 As temperaturas mínimas deverão situar-se entre 5 e 10°C em boa parte do território, sendo em alguns locais do interior Norte e Centro entre 0 e 5°C, podendo ser pontualmente inferiores nas terras altas.

 Como consequência desta configuração meteorológica sinótica, também se esperam períodos com vento forte, a predominar do quadrante oeste, com rajadas até 85 km/h, podendo ser superiores a 100 km/h nas terras altas.

Para o estado do mar espera-se agitação marítima forte num período de tempo alargado que pode ir até dia 30, em especial na costa ocidental, com ondas de noroeste com 5 a 7 metros de altura significativa.

Dadas estas condições, foram emitidos Avisos Meteorológicos que serão atualizados ao longo da semana.Este comunicado será atualizado ao final da tarde de 27 de março

.Aconselha-se o acompanhamento das previsões e da emissão de avisos meteorológicos nos próximos dias, consultando: http://www.ipma.pt/pt/otempo/prev.descritiva/ http://www.ipma.pt/pt/otempo/prev.significativahttp://www.ipma.pt/pt/otempo/prev-sam/Para mais detalhes sobre a previsão para a navegação marítima consultar:http://www.ipma.pt/pt/maritima/boletins/ Ter, 26 Mar 2024 18:27:49

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19:00 (há 1 hora)


para mim


24.3.24

Faia da Polónia vence concurso da Árvore do Ano 2024

 

Faia da Polónia. Foto: Marcin Kopij


Pela terceira vez consecutiva vence a árvore nomeada pela Polónia, este ano uma faia da região de Niemcza, com 39.158 votos. A Camélia em Guimarães ficou em quarto lugar.

Em segundo lugar ficou outra faia, desta vez em França, com 24.807 votos. Em terceiro lugar ficou uma oliveira milenar italiana (13.933 votos) e em quarto a camélia-japoneira em Guimarães, com 13.508 votos.

Faia da Polónia. Foto: Marcin Kopij

Num ano em que a votação global totalizou 174.112 votos em 15 árvores candidatas, o concurso de 2024 foi organizado em parceria com o Ministério do Ambiente da República Checa e o Fundo Ambiental Estatal da República Checa. “As árvores devem ser tratadas como património natural e cultural”, afirmou, em comunicado, o Ministro do Ambiente, Petr Hladík.

O Concurso Árvore Europeia do Ano realiza-se desde 2011. Trata-se de uma iniciativa que todos os anos procura sensibilizar mais 200 mil pessoas para a protecção da natureza, promovendo o cuidado e a preocupação com 16 árvores, a unidade de 16 comunidades locais em torno de uma causa e ainda o orgulho de 16 países na sua herança natural.

Na edição anterior, foram registados 177.486 votos, tendo vencido o Carvalho Fabrykant, eleito pela Polónia. 

Portugal tem desde 2018 eleito espécies características dos sistemas agroflorestais mediterrânicos que têm ficado entre o 1º (Sobreiro assobiador) e o 6º (Castanheiro de Vales) lugar do concurso europeu. Na última edição foi o Eucalipto de Contige que alcançou o 5º lugar no concurso internacional com 10.281 votos.

21.3.24

SANTOS SILVA. ARROGANTE E MAL EDUCADO !

 

Emigrantes: reserva de esperança para Portugal

Telmo Azevedo Fernandes

20 Março

(nota: crónica-vídeo publicada hoje às 16h30, antes da confirmação oficial da perda de mandato de ASS)

 Santos Silva fora da AR. "Nunca cortei a palavra seja a quem for"

Augusto Ernesto Santos Silva exerce ainda o cargo de Presidente da Assembleia da República, tendo sucedido ao consulado inenarrável de outro socialista de má memória, Eduardo Ferro Rodrigues.

Indivíduo com uma indisfarçável ultrainsuflada auto-estima, o mandato de Santos Silva notabilizou-se pelo facciosismo, arrogância caceteira e desrespeito reiterado de diversos representantes eleitos pelo Portugueses para o Parlamento.

No exercício de funções que exigiriam sobriedade e gravitas, este socialista teve diversas intervenções sectárias, desbragadas e até coléricas que contribuíram para abandalhamento das instituições, chegando ao desplante de introduzir censura prévia e à posteriori a intervenções de deputados na Assembleia, supostamente a casa da Democracia. Esta subversão dos princípios democráticos recebeu manifestações de concordância por parte da Esquerda parlamentar, mas curiosamente também de deputados (presidente e ex-presidente) do partido dito Liberal, que na altura aplaudiram de pé e por pelo menos duas vezes as indecências de Santos Silva.

Durante dois anos o objectivo político de Santos Silva foi o de perseguir, destratar, silenciar e avacalhar o eleitorado que a terceira maior força política do país representa, ao ponto de ter afirmado que o CHEGA envergonha o nome de Portugal.

À hora que publico esta crónica ainda não está confirmado oficialmente e em definitivo que Santos Silva perdeu agora o seu mandato de deputado. Mas só a alta probabilidade de o homem ser expulso do Parlamento em resultado de uma expressiva votação dos Portugueses no Chega deixa claríssima a estrondosa derrota pessoal de Augusto Ernesto. Pelo menos os emigrantes são gente que preza a decência democrática e rejeita soberba e tiques de tiranetes dos socialistas. Há, pois, lá fora uma reserva de esperança para o nosso país.

A minha crónica, em vídeo, aqui: